sexta-feira, 12 de outubro de 2012

Lembranças

Bem à maneira Charlie Kaufman, gostaria de deletar tudo! Ah, se assim fosse possível, e de uma vez por todas, libertarmo-nos de todas as lembranças daqueles que se fizeram amados por nós e nos abandonaram. Daqueles que nos desprezaram sem se darem conta de que nosso amor sincero e gratuito não pode ser encontrado a cada estação de trem.




Então, por que insistir tanto para que essas memórias continuem vivas, se não deseja acrescer a elas mais?!





Mais uma para nós bobos:

"Quando fazemos tudo para que nos amem e não conseguimos, resta-nos um último recurso: não fazer mais nada. Por isso, digo, quando não obtivermos o amor, o afeto ou a ternura que havíamos solicitado, melhor será desistirmos e procurar mais adiante os sentimentos que nos negaram. Não fazer esforços inúteis, pois o amor nasce, ou não, espontaneamente, mas nunca por força de imposição. Às vezes, é inútil esforçar-se demais, nada se consegue;outras vezes, nada damos e o amor se rende aos nossos pés. Os sentimentos são sempre uma surpresa. Nunca foram uma caridade mendigada, uma compaixão ou um favor concedido. Quase sempre amamos a quem nos ama mal, e desprezamos quem melhor nos quer. Assim, repito, quando tivermos feito tudo para conseguir um amor, e falhado, resta-nos um só caminho...o de mais nada fazer."

Clarice Lispector. In: A Paixão Segundo G.H.