"Eu nunca serei pó
porque sou alma.
Sou espírito e em pó não me farei;
morrerá meu corpo e pouco importa
que vire pó a minha carne morta
se desta carne, livre, evolarei.
Eu nunca serei pó
porque sou alma !
A alma é luz, seja a luz negra ou dourada,
e luz não se rebaixa às sepulturas,
podendo ter seu brilho nas alturas,
ou mesmo lá num caos, abandonada.
Eu nunca serei pó
porque sou alma.
A carne é roupa, indumentária apenas
com que Deus veste qualquer ser etéreo
só para realizar do seu mistério
tantas e estranhas transações terrenas.
Eu nunca serei pó
porque sou alma.
Se a carne acaba no feral abismo
dessa soturna deusa de destroços
chamada Morte, vã silhueta de ossos,
a alma não na recebe em seu batismo.
Eu nunca serei pó
porque sou alma.
Sou poesia, amor, adoro a vida
e brilharei na música ou no verso
entre as estrelas claras do universo
quando da carne me encontrar despida."
(Alda Pereira Pinto)
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